Quando a vítima vira culpada realmente é quando tenho a certeza que estou enlouquecendo. Acredito piamente que tem roupas que chamam mais atenção, que tem mulheres que são mais ousadas e que gostam de provocar. Porém, a junção das vestis provocantes com atitudes provocantes não dá direto a ninguém de achar que pode estuprar alguém... Esse é o tema nas redes sociais no momento.
Um protesto virtual batizado como “Eu não mereço ser estuprada” movimentou ontem à noite o Facebook. A manifestação aconteceu um dia depois da divulgação do levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que indicou que 65% dos 3.810 entrevistados concordam, total ou parcialmente, com a ideia de que mulheres que deixam o corpo à mostra merecem ser atacadas. Indignadas com o dado, muitas delas aderiram ao protesto online e postaram fotos seminuas.
“Todos sabem que a sociedade está cada vez mais banalizada, mais ‘fácil’, mais ‘atrevida’ e com "menos" roupas, mas isso não quer dizer que algum ser humano, seja homem, mulher ou homossexual, mereça de alguma forma passar pela humilhação, trauma e constrangimento de ser abusado sexualmente.
Mulheres grávidas e que ainda estão amamentado aderiram ao movimento. A intenção do protesto virtual, é mudar a mentalidade das mulheres que falaram à pesquisa. Do total de entrevistados, 66,5% são do sexo feminino.
— Queremos mostrar que pode, sim, andar na rua de minissaia, decote ou top. As mulheres precisam se sentir à vontade para mostrar os corpos e, talvez, com a aderência das amigas e de muitas outras à campanha, a gente consiga atingir essa mudança de mentalidade.